31 de mar. de 2010
Faixa da insônia
The Who - "Won't get fooled again"
30 de mar. de 2010
Novo single do Black Francis
Ouça a nova música aqui:
Rap patrão
Momento 12 anos
Dois irmãos com o mesmo nome, um assustadoramente ruivo, o outro com uma tatuagem de sereia no braço que tinha vontade própria, a mãe com uma placa de metal na cabeça. Eles eram amigos de um tiozinho maluco (Artie) que lutava contra bolas de boliche. E tudo era absolutamente sério. A música da abertura era de uma banda formada para fazer a trilha do seriado, Polaris. Rock alternativo de primeira. O baterista, Scott Boutier, tocaria com o Frank Black alguns anos depois. O Iggy Pop fazia pontas como pai da namorada do pequeno Pete.
Os enredos eram estranhos também. Tem alguns episódios inteiros no Youtube, vale a pena. Ah, os anos 90....
29 de mar. de 2010
Faixa para boi dormir
Parabéns, Eric Idle
Polônia surreal
26 de mar. de 2010
Sexta feira é dia de boi dançar
Saiba mais sobre Guilherme Lamounier no Brazilian Nuggets
Pin-ups russas
Gangue
Com o intuito de fortalecer os laços blogueiros, apresento uma companheira de profissão e colega de prédio: Bruna Rodrigues, quase da família, formou-se jornalista comigo na PUC. Fala rápido, pensa na mesma velocidade e não gosta de gente lerda. Se é pra bater papo, que seja com vontade.
Tem blog há muito tempo, antes era a Minha Escrivaninha, mas ela julga que ali "não dizia nada". Resolveu que o melhor era fazer um novo e colocar dicas do que gosta. Deu certo. Além de um belo layout, o C'est Sympa recebeu elogios do alto escalão do jornalismo brasileiro (ela não revela quem).
Entre uma matéria e outra na revista da Gol, ela conversou comigo e se apresenta para os leitores do Sou Daltônico, Não Idiota.
Além do óbvio, o que você faz na internet?
Fico atrás de notícias, estou sempre procurando palavras no dicionário online do Michaelis, busco mapas para as minhas andanças em São Paulo no Guia Mais e decoro letras de músicas lá no Terra.
Qual é seu vício?
Ser organizada demais. Não vivo sem um post-it.
Eleja as cinco coisas mais chatas e as cinco mais legais de ser jornalista
Coisas boas: assinar as matérias que você curtiu fazer, ganhar uns jabás bacanas, não ter que começar a trabalhar às 8h, viver lendo e escrevendo (e ser paga para isso, conhecer pessoas/coisas/lugares que jamais imaginou conhecer. Coisas não tão boas: assinar as matérias que você não curtiu fazer, receber releases da Sociedade de Odontologia, entre outros, entrevistar gente chata, ouvir sempre a mesma pergunta: "Por que você não vai trabalhar na Globo?" e lidar com assessor ignorante.
Se só pudesse escolher um prazer pra ter na vida, qual seria?
Que pergunta, hein?! (Responder com uma pergunta vale?)
Indique um blog e um twitter
Um blog: http://ricardolombardi.ig.com.br/. Um twitter: http://twitter.com/Brunoaleixo. Um site: www.moreintelligentlife.com.
Insônia shuffle
1. When I'm Down - Chris Cornell
2. Love - John Lennon
3. Love In The Year 3000 - B-52's
4. Gimme Shelter - Rolling Stones vs. Streetlab
5. Country House - Blur
Boa noite
25 de mar. de 2010
Arte sensual em auto-retrato
O que eu mais gostei foi o da paulistana Adriana Affortunati. Ela tem feito experimentos com costura, mas para essa matéria, ela teve uma ideia muito legal e acabou decidindo fazer um vídeo. O tempo todo ela brinca com a ideia de que o mistério faz as vezes de osso da sensualidade. Desabotoa-se para nunca revelar, as transparências só sugerem. Não dá para ter certeza de que estamos vendo o que estamos vendo (seios), apesar de querermos acreditar nisso.
Mais fortes são as palavras. Ao invés das mãos tocarem a pele, a caneta marca o corpo enquanto ele se desvela e se cobre de novo. Falar é mais importante do que agir? Falar com alguém que é um objeto sensual é escrever palavras em seu corpo, provocar reações mesmo sem usar as mãos? Acho que sim:
24 de mar. de 2010
Minuto de silêncio
No dia 24 de março de 1976 as forças armadas da Argentina derrubaram a presidente Isabel Perón e começaram a instalar a ditadura, que durou até 1983. Estima-se que mais de 30 mil pessoas morreram ou desapareceram durante o período.
A evolução será estampada
Duvido que você tope com alguém mais vestindo uma camiseta do Darwin ou com o Tommie Smith fazendo o gesto dos Panteras Negras nas Olimpíadas de 1968. Cada camiseta sai por 15 dólares, mais o frete de 10. Vale a pena pedir mais de uma. E o tecido delas é muito melhor do que as camisetas brasileiras.
No site da Fat American tem mais modelos de camisetas espertas, mas não espertinhas: http://www.fatamerican.tv/
23 de mar. de 2010
Mulheres, homens, daltônicos
Essa é uma verdade. Se for daltônico, o cara vê menos cores e os nomes variam. Azul pode ser verde, cinza, marrom...
(via 9GAG)
Disco da semana
Apesar de ter ouvido alguns lançamentos nessa semana, o disco eleito é de 1978. The Modern Dance, dos californianos Pere Ubu. Um disco com muitas pretensões de ser vanguardista (relativamente realizadas) e barulhos estranhos, gritos, vidros quebrando, mas ainda assim, essencialmente punk. Lembra muito o segundo disco da banda britânica Wire, Chairs Missing (também de 1978), outro ótimo álbum punk experimental.
Ouça, na íntegra, oito das dez faixas de The Modern Dance aqui:
22 de mar. de 2010
Música da segunda
Contei a história, ele ficaram fascinados como o fato de eu ser brasileiro e disseram: "Escuta, você gostaria de receber o nosso CD?". Aceitei, claro, e três semanas recebi duas cópias do EP e alguns adesivos. Pessoal simpático! Agradeci pelo Facebook e quase furei o disco. É dele que vem a faixa abaixo.
21 de mar. de 2010
Ben Folds no Chatroulette
Veja o original, Merton:
Sunday blues
20 de mar. de 2010
Seis vezes Black Francis
Ouça uma das canções de The Golem, "The Flower Song":
E vem também um álbum convencional chamado NonStopErotik. Esse sai dia 6 de abril, mas já dá para fazer o pedido do CD. Segundo o site oficial do Black Francis, o disco deve ter alguns lados B inéditos e quatro covers na sua versão estendida (vendida pelo iTunes).
Eu já estava ficando preocupado com o Black Francis, já que em 2009 ele não lançou nada oficialmente. Normalmente, a média fica em dois discos por ano. Bom, serão seis só em 2010. Por enquanto.
19 de mar. de 2010
Sexta é dia de boi madrugar
No caso da música de hoje, vontade de chutar e dar uma porradas enquanto (veja bem, não "antes" ou "depois") dirijo meu carro imprudentemente pelas ruas cobertas de uísque. Eis o Reverend Horton Heat e a banda de rockabilly mais rápida deste hemisfério. "I'm the baddest of the bad since you've been gone." Adequado, não? Cuidado para não bater a cabeça na parede enquanto ouve essa:
Invisível e "esquecível"

A metalinguagem é a marca dele e sempre vai ser, porque também é um de seus trunfos. Ele sabe do que está falando, das dificuldades em escrever, dos processos mentais que envolvem crias histórias, do impactos que elas têm depois que nascem. "Man in the dark" é supremo nisso, em entrelaçar linhas narrativas díspares, mas que dependem de sua ligação para fazerem sentido. Ali, um escritor/professor de literatura (este outro personagem recorrente em Auster) imagina um futuro alternativo para o mundo pós-onze de setembro. Mas essa ficção fala com ele e precisa de sua ajuda para sobreviver, pois ela está um tanto fora de seu alcance. Vale a pena ler.
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Em "Invisível", a mesma tentativa é feita, mas dessa vez, como menos sucesso. Primeiro, porque os conflitos que o estudante de literatura e aspirante a poeta Matt Walker enfrenta não são muito interessantes. Segundo, porque a meta-linguagem foi usada mais como formato a ser seguido do que tempero do desenrolar dos acontecimentos. Outro problema, alguns exageros que Auster normalmente não comete. Surpresas exageradas, tragédias insuspeitas demais. Normalmente, a graça dos romances dele reside em saber que mesmo os fatos inesperados estão calcados em pequenas plataformas de realidade, que ora se elevam, ora não. "Invisível" tenta contemplar muitas pequenas questões formais, tenta se resolver como livro, mas esquece de dar consistência à vida ficctícia ali contida. Os saltos são feitos a partir do nada, sem um impulso dramático que lhes dê coerência. Assim, mesmo fatos chocantes ficam vazios, porque eles não estão entrelaçados com a história, estão costurados com linha grossa conforme passam os capítulos.
Esperei pela "emenda perfeita" (geralmente executada por Paul Auster) até o fim, mas ela nunca se mostrou. Pior, o final se dá num absurdo apelativo, que desce a ladeira para dar com a nossa cara num muro de tédio. É triste ver que o autor de "A Trilogia de Nova York" está perdendo a mão. Ou pior, não tem mais nada a nos contar. Bom, pelo menos ele trocou a desgastada foto que normalmente ilustra seus livros.
Faixa pra boi dormir
Uma baladinha de violão do mestre do slide guitar e um dos melhores compositores de trilha sonora de todos os tempos. Enquanto isso, fico aqui alimentando a playlist "Dormir" e torcendo para todo mundo calar a boca.
18 de mar. de 2010
Martina, a criança-figura
Martina me convidou para pintar sua parede, fazer chapéu no "bapo" (gato) que o pai dela desenhou e disse tchau para mim e o Colé (o videomaker). De tênis estilo Vans xadrez e camisa da Santa Cruz, ela me fez ter vontade de ter uma filha só para eu poder dar o mesmo nome, Martina.
Aqui está a matéria, publicada no site da Tpm.
Arte-mãe
Martina pode pintar uma parede de seu quarto com canetinhas. Não só pode, como os pais a ajudam. Aliás, a mãe, a artista plástica Silvana Mello, chama as “obras” (riscos e alguns desenhos de gatos e outros animais), de “nosso trampo”. Uma parede maior do quarto leva mais cores e desenhos bem-definidos, um cavalo e um coelho de pelúcia contra um fundo azul, que Silvana pintou ainda grávida. Dá para notar que faltou pouco para terminar por causa do medo de Silvana de subir em um banquinho ainda gestante.
"Mãe e filha", que está na parede da cozinha
Esse não foi o único impedimento enfrentado pela artista plástica gaúcha. Temerosa de que as tintas pudessem prejudicar o bebê, começou a trabalhar com máscara. Conseguiu trabalhar até Martina, hoje com um ano e três meses, nascer. Com uma filha de colo precisando de cuidados, teve de interromper a carreira de artista para o trabalho integral de mãe em recuperação.
Silvana Mello despontou em 2006, quando teve sua primeira exibição solo na Galeria Choque Cultural. O ano foi o mesmo do término de sua banda de punk, Lava. Desde então, expôs no exterior (Brighton, na Inglaterra), participou de um tributo a Andy Warhol e viu suas obras ficarem mais caras e entrarem em coleções de pessoas eminentes.
O nascimento de Martina foi uma interrupção. Sem condições de trabalhar como antigamente, Silvana escolheu mudar o suporte de sua arte para poder ficar perto da filha. As tintas deram lugar aos bordados. O ritmo de trabaho diminuiu. “Você tem que parar para ser mãe, não tem como”, afirma Silvana.
Agora é tempo de retomadas. Martina está maior, já fala (e bastante), sabe do que gosta (de reggae e da labrador fêmea da família, Kira); está pronta para a escolinha, julga a mãe. Recentemente uma exposição individual sua terminou na Choque, sinal da volta ao trabalho. Martina impediu a mãe de trabalhar, mas também foi incentivo para que ela pensasse em renovação. Silvana só não conta o que vai passar a fazer porque tem medo que outros copiem.
A "obra mudança de hábito", um exemplo do feminismo de Silvana
É certo, porém, que o universo feminino continue em sua pauta, na arte e em casa. A educação da filha trouxe novos desafios para as convicções de Silvana, que desde jovem participa de shows, exposições e fanzines com temática feminista. Assim como na arte, ela vai tentar mostrar à filha através de”um bom exemplo”. “ Ela não vê o pai dela me colocando numa posição inferior, é uma relação de igual para igual, os dois têm a mesma função”, conta a artista.
Uma pintura em azulejo localizada na cozinha da casa de Silvana Mello resume bem a nova fase de sua vida. No alto, lê-se “mãe e filha”; abaixo, duas mulheres, uma dando força no muque da menor. Para a artista, esse é o papel que ela terá na vida de Martina, sua mais recente obra.
17 de mar. de 2010
Curso: Teoria Crítica no CEBRAP
O pessoal do CEBRAP vai oferecer um curso sobre Teoria Crítica a partir de 25 de março (vai até 24 de abril). Já houve um curso desse há alguns anos, no Instituto Goethe. Cada aula será dada por um professor do núcleo de pesquisa Direito e Democracia. É pago (R$120 por mês), mas eles vão distribuir algumas bolsas.
Eu fiz o curso em 2007 no Goethe e gostei muito. Serve como uma introdução aos temas da Teoria Crítica e os professores são especialistas nos autores. Por exemplo, o meu irmão José Rodrigo Rodriguez, que estuda o Franz Neumann.
Veja mais informações abaixo e no site http://www.cebrap.org.br/:
A partir do dia 25/03, todas as quintas-feiras das 19H às 22H30, começará a ser ministrado pelo NDD o curso DIREITO E TEORIA CRÍTICA, que terá duração de dois semestres. No primeiro semestre serão apresentados os fundamentos teóricos do campo crítico, especialmente no que diz respeito ao direito e à política.
No segundo, serão discutidos alguns problemas de pesquisa pertinentes ao campo. Veja abaixo o programa resumido do primeiro semestre. As aulas serão ministradas por membros do NDD, dentre os quais, Marcos Nobre, Ricardo Terra, José Rodrigo Rodriguez, Marta Machado, Rurion Soares Melo, Felipe Gonçalves Silva, Flávia P. Püschel, Fernando Costa Mattos e Fernando Rugitsky.
Será exigido trabalho final para aprovação. Preço: R$ 120,00 por mês. Em caso de insuficiência de recursos para pagamento, será considerada a concessão de bolsas.
Inscreva-se pelo email selecaondd@gmail.com.
Em sua mensagem:
a) faça um resumo de sua formação;
b) faça um resumo de sua experiência profissional e pessoal (tudo o que julgar pertinente);
c) explique qual seu interesse no curso;
d) caso não possa pagar a mensalidade, por favor, explicite seus motivos.
PROGRAMA
Quintas-feiras, 19H - 22H30
I. Introdução
25/03
Aula 1
- Apresentação do curso
- Teoria tradicional e teoria crítica
II. Teoria Crítica e Direito: o déficit democrático.
08/04
Aula 2. Friedrich Pollock X Franz Neumann: um debate decisivo (I): Pressupostos teóricos: Karl Marx
15/04
Aula 3. Friedrich Pollock X Franz Neumann: um debate decisivo (II): O lugar da política e do direito
22/04
Aula 4. Dialética do Esclarecimento: o fechamento das perspectivas
29/04
Aula 5. O Agir Comunicativo: Direito, política e emancipação
III. Estado de Direito e Esfera Pública: textos fundamentais
06/05
Aula 6. Franz Neumann: O direito liberal para além de si mesmo
13/05
Aula 7. Otto Kirchheimer: Crítica do direito e do direito penal
20/05
Aula 8. Jurgen Habermas: Direito e integração social
27/05
Aula 9. Jurgen Habermas: Sociedade civil e esfera pública
10/06
Aula 10. Jurgen Habermas: Princípios do estado constitucional
17/06
Aula 11. Jurgen Habermas: Indeterminação do direito e adjudicação
24/06
Aula 12. Klaus Günther: Responsabilidade, responsabilização e crítica do direito
16 de mar. de 2010
Deus, frango frito e Walmart

Insira a cidade de Dothan, no Alabama, o quanto quiser na rede mundial de computadores, envie convites de Facebook para todos os seus habitantes, exponha-os às culturas mais “exóticas” e distantes (como a bósnia e a japonesa) e o resultado sempre será o mesmo: os dothanianos passarão a marcar seus grupos de estudos bíblicos por eventos no Facebook, postarão vídeos de música gospel e seu ímpeto missionário não ficará menor, porque será mais fácil entrar em contato com os possíveis convertidos.
Para quem é religioso, a própria noção de diversão é distinta, digamos, da nossa. Lembro-me bem de uma sexta-feira à noite em especial, quando provavelmente estaria fazendo uma night on the town com amigos, caso estivesse no Brasil. O cenário era a metrópole flutuante de Dothan: sua população fixa não passa dos 40 mil, mas somando todas as pessoas que por lá transitam (a cidade está no entrocamento de várias estradas que ligam o norte do estado à Florida, ou seja, praia), chega a 190 mil o número deindivíduos circulando em um dia.
Uma cidade desse tamanho é sinônimo de falta de lazer. Estava lá o multiplex com sete salas passando nada além de blockbusters ou chick flicks (comédias românticas com o Ashton Kutcher), havia um interessantíssimo boliche-balada (sem pista de dança, só com luzes estroboscópicas e pinos fosforescentes) e uma loja de café no estilo do Starbucks (chamava-se Dakota's). E só. Pouco se cede ao mundo profano lá e imagino que hoje não seja diferente.
Então faz sentido eu, Adam (meu irmão postiço) e mais três ou quatro amigos pararmos num lugar como a House of Justice naquela sexta-feira quente de maio. Claro, à minha exceção, todos ali eram protestantes praticantes e animados. Para eles aquilo era parte de sua sociabilidade. Prova disso é que encontramos outra meia dúzia de jovens conhecidos da escola, da igreja, do time de futebol. Numa turma maior e mais empolgada, entramos na Casa Maluca de Jesus.
A tal da Justiça do nome da "atração" tinha ali padrões bem definidos: cristã, protestante, branca e sulista. Imagine um misto de trabalho de conclusão de curso da uma faculdade de Artes Cênicas, Tumba do Penadinho e a Casa do Terror do Playcenter. Eis minha House of Justice.

Jesus é o clímax, o alívio divino de uma noite feita para assustar as consciências maisdesavisadas. Quem não deve nada vai sair dali firme e forte, abraçado em sua Bíblia colorida de estudos; na quarta-feira, noite universal dos grupos de jovens cristãos, cantará forte as músicas do Dave Matthews de deus, Darrell Evans. Está chegando o gran finale. O filho de deus se dirige à nós, jovens pecadores, apela para seu ato de altruísmo máximo (Kierkegaard chamaria de “absurdo”, mas rigor filosófico é um luxo do qual Dothan prescinde) e tenta nos fazer chorar por dentro: “Pô, eu morrendo aqui na cruz e vocês ainda querendo pecar? Caralho, molecada, guenta o tranco senão eu não salvo vocês daqueles aquecedores de resistência da sala anterior, não!”.
Saímos todos gratos pelo frescor da noite úmida e insuportável de 30 graus de uma cidade que recebe sem escalas o bafo e os furacões do Golfo do México. Deus e o diabo na terra do amendoim (Dothan se diz a “capital mundial” deste salgadinho). Não há próxima parada, o “esquenta” foi aquele mesmo. Acho que é por isso que o pessoal se amontoava no estacionamento da atração, tentando prolongar aquela noite ao máximo sem recorrer ao pecado. Eu errava entre os carros, sentindo vergonha, pensando em noites na praia tocando violão e tomando vinho barato gelado no gargalo. Uma camisa abotoada até o pescoço interrompe minha troca de olhares imaginária com uma garota morena em volta da fogueira e pergunta: “Irmão, o que você achou do que foi dito aqui?”. De longe, eu vi que esse homem era mais carola do que todos os outros ali e me arrependi por não ter fugido. Como seria possível responder à sua pergunta sem proferir ofensas? “Interessante”, saiu sem muita convicção. “Você está salvo, irmão?”. O reflexo foi dizer “sim, me deixa em paz”, mas hesitei.
Não pude fazer nada enquanto ele tomava embalo nas palavras e tentava me convencer de que eu estava perdido nesse mundo véio sem porteira (ole' world with no gate), que Jesus já havia me salvado, mas que eu precisava dizer “sim”. “Olhe só como é fácil, é só dizer um 'aceito Jesus como meu salvador' e você está livre”. Fez-se um silêncio dolorosamente constrangedor: ele esperava meu “sim”, eu queria que ele morresse ali mesmo. Quando uma garota diz não, você se afasta, diz que é uma pena e vai embora em busca de outra; quando um evangelista ouve um não, ele te dá um livrinho com o resumo dos argumentos já ditos há um minuto e diz para você pensar bem naquilo.
Claro que pensei. E foi: “Não volto nesta merda nunca mais. Prefiro ficar em casa comendo nuggets de peixe com catchup verde do que passar por isso de novo”. Escapei da House of Justice, mas as tentativas de conversão mais assustadoras estavam ainda não haviam se desvelado naquele mundo de deus.
15 de mar. de 2010
Faixa pra boi dormir

Vamos deixar claro que a qualidade das músicas e bandas não está em questão nesta série, OK? Adoro tudo o que vai ser apresentado aqui. Se ainda não estão na minha playlist "dormir", vão entrar (sugestões são bem-vindas).
Segunda é uma merda: a inhaca do fim de semana ainda não passou e as perspectivas temporais relativas ao próximo descanso ainda são um vago sonho chamado sexta-feira. Hoje precisamos de uma faixa pra colocar o boi em coma.
Grande Stevie. A dose certa entre feel e rapidez, ele foi um dos maiores guitarristas da história. Tocou com todos os fodões, de Albert King a B.B.King, humilhava Eric Clapton (que sozinho poderia alimentar esta seção por anos, mas NOT) nos shows e tinha uma baita banda - algo que consegui ouvir de perto em 1999 quando o Double Trouble + Reese Wynans tocou com o Nuno Mindelis no Credicard Hall.
O nosso "pré-naninha" de hoje vem do fantástico disco (1989) In Step, um dos melhores de blues/rock/texas shuffle de todos os tempos. A faixa é a última de um álbum agitado e até agressivo. "Riviera paradise" concorreu com outra calminha, "Lenny" (homenagem à esposa de Stevie), e acabou ganhando por causa de seu clima strip-tease do SexyTime.
Quando morei nos EUA, a professora de espanhol da escola- uma guatemalteca empolgada com a vida e convertida profundamente ao protestantismo local - me contou que gostava tanto da tal da música que "convenceu" a filha a aprende-la no piano. Essa é para você, Mrs. DeVane
Boa noite
13 de mar. de 2010
Rock arte
Os franceses da banda Hold Your Horses são sérios candidatos a novos reis do Youtube, lugar um dia ocupado pelos americanos do OK GO. Para o vídeo da música "70 million", eles reencenaram quadros famosos da história da arte. O resultado é muito engraçado. Não faltaram apóstolos tocando guitarra na Última Ceia (de Leonardo da Vinci), o bigodinho no autorretrato da Frida Kahlo e seis Marylins de peruca, imitando o quadro de Andy Warhol. Vários outros foram "homenageados", de Mondrian a Van Gogh. Deve ter sido bem divertido fazer o clipe, mas assistir ao resultado também vale a pena.
Originalmente publicado por mim no Blog da Redação Trip
12 de mar. de 2010
Sexta não é dia de boi dormir

Saiamos às ruas, amigos. Senão fisicamente, pelo menos vamos fingir que estamos nos divertindo como nunca nas nossas vidas. Dormir cedo é deprimente às sextas e esse é um dos únicos dias em que nós, os insones temos companhia até a hora em que realmente sentimos sono.
Então hoje, vamos animar essa bagaça e ouvir alguma coisa bem upbeat. Nosso friday special é de Edgar Blanchard, um obscuro músico e bandleader de New Orleans. Reza a lenda que ele tocou com Ray Charles, mas nunca conseguiu se destacar muito com sua banda, os Gondoliers.
Achei essa faixa na coletânea Chess New Orleans, um disco com ótimas gravações de muitos artistas desconhecidos por aqui. Tem soul, rockabilly, zydeco, até um mambo), tudo dos anos 50/60. Encontrei aqui. Conhecia essa faixa tocada pelo Cream, mas a versão da ex-banda do Eric Clapton é Mallu Magalhães se comparada com a de Blanchard.
Sexta-feira, dia de tomar a cidade de assalto.
Boa noite
11 de mar. de 2010
Faixa pra boi dormir
Quem tem dificuldade de dormir à noite está cansado de saber - apesar de não estar "sonado" de saber - que às vezes são necessários recursos externos para calar a boca da mente. Para alguns, a televisão funciona rapidamente, para outros, um livro.
Tudo bem que tem dia em que nada adiante e você só dorme no extremo do cansaço. Ou acaba passando a noite em claro.
No meu caso, as músicas ajudam bastante, mas não qualquer coisa. Escutar Therapy? às onze da noite não vai dar certo, assim como Metallica, Pixies ou drum'n'bass. Tenho playlists no meu iPod com músicas indutoras à contagem de ovelhas, e sempre as uso em noites de atividade mental exagerada.
Toda noite de dia útil vou compartilhar uma nova para tentar ajudar aos companheiros insones como eu. Começo com uma que tem jeito de soninho: "Paper boats", do Nada Surf.
Voz suave, instrumentos low-fi, letra triste mas desanimada (Sit on a train/Reading a book/Same damn planet every time I look). Baixe o disco Let Go todo, vale a pena. Claro, separe "Paper boats" para o após 22h, mas quando acordar, ouça o resto, é muito bom.
Vi um show deles em São Paulo (2004), mas o trio de Nova York não tocou a nossa "nana-neném" da noite. Mas é claro que em show não dá para dormir. Quer dizer, teve uma vez em que eu dormi sentado durante um show do Teenage Fanclub, mas essa fica para outro post.
Boa noite