30 de ago. de 2010

Lenda do surf

Greg Noll autografa pôsteres em São Paulo (2010)

Ser jornalista significa escrever sobre muitos assuntos diferentes. Pelo menos para os iniciantes, como eu, e em um lugar como a Trip, que foca em pessoas e não assuntos. Já entrevistei juiz de MMA (o antigo vale-tudo), músico, artista, skatista, jornalista mestre de yoga, personal trainer, escritor, um bando de gente diferente. Até em matinê gay e campeonato de autorama eu fui.

Recentemente, eu e o Caio Ferretti conversamos com Greg Noll, o homem que é considerado o pioneiro das ondas grandes no mundo, respeitadíssimo por todos os surfistas. Já com seus 72 anos, Noll é um cara muito simpático. Fala gírias e palavrões como se tivesse 17 anos, minimiza seus feitos em ondas gigantes (dizem que ele surfou a maior da história, coisa que nega) e vende pranchas que custam até 10 mil dólares.

No vídeo, o Greg Noll apavora nas ondas gigantes de Pipeline (Havaí)


Tudo isso para dizer que um personagem do qual eu não esperava muito, para ser sincero, acabou se revelando um cara muito legal de entrevistar e de bater papo. Depois que já havíamos desligado o gravador, Greg, como ele pediu para ser chamado, ainda gastou uma boa meia de prosa conosco. Sem estresse, sem se preocupar com tempo, o frio ou qualquer outra coisa.

Esse é comecinho da entrevista, olha só que figura:

Quantos anos tinha quando pegou a primeira onda?
Tinha nove anos. Na praia de Manhattan, no sul da Califórnia, tinha uns caras da pesada surfando em tábuas.de redwood. Decidi que tinha de fazer aquilo. Perguntei para um desses se caras onde poderia conseguir uma prancha. Me venderam um por quinze dólares e eu passei o verão todo na praia. A prancha pesava 75 pounds, eu pesava 60. Bem, eu já sabia naquele primeiro verão que era aquilo que queria fazer da vida. Surfar, ir até à ilha [o Havaí], correr atrás das moças e me dar bem o máximo possível. Era para isso que ligava na vida. Lembro do diretor da escola me arrastando para sua sala. Naquela época, não havia nenhum garoto surfando no sul da Califórnia . [O diretor disse] "O que há de errado com vocês? Não ligam para nada além de surfar". Eu respondi: "É isso mesmo". Não sei como é aqui, mas lá você faz algum esporte, é um bom garoto, te dão uma carta de recomendação, as garotas gritam nas arquibancadas por causa dos jogadores de basquete. E tinha eu e o Bing Copeland e outros caras que não davam a mínima para isso. Eles não entendiam isso. Agora as escolas tem até equipe de surf.

Você aprendeu olhando?
Sim, é assim que se faz.


O resto você lê no site da Trip:
http://revistatrip.uol.com.br/revista/191/reportagens/big-big-rider.html

Nenhum comentário: