7 de jun. de 2011

Max Weber e o Wikileaks


Max Weber fala sobre a relação entre a ética e a política e como os políticos lidam com o "dever da verdade". Um trecho bem atual, que pode ser colocado em qualquer matéria sobre o Wikileaks no futuro:

"Há, por fim, o dever da verdade. É também ele incondicional, do ponto de vista da ética absoluta . Daí se retirou a conclusão de que se impunha publicar todos os documentos, principalmente os que humilham o próprio país, para pôr em evidência, à luz dessas testemunhas insubornáveis, o reconhecimento de uma culpabilidade unilateral, incondicional e que se despreocupa das consequências. O político entenderá que essa maneira de agir, a julgar pelos resultados, longe de lançar luz sobre a verdade, irá obscurecê-la, pelos abusos e pelo desencadeamento de paixões que provocará. Sabe o político que só a elaboração metódica dos fatos, procedida imparcialmente, poderá produzir frutos, ao passo que qualquer outro método acarretará, para a nação que o empregue, consequências que, talvez, exijam anos para manifestar-se. Para dizer a verdade, se existe um problema de que a ética absoluta não se ocupa, esse é o problema das consequências."
("A política como vocação"; págs. 112 e 113)

Em resumo: o que é melhor que aconteça? Que toda e qualquer informação seja divulgada doa a quem doer, mesmo que elas prejudiquem uma nação  (e não só aos políticos), coloquem pessoas em risco? Essa é uma opção que fala "em nome" da verdade e parece ser a linha filosófica de Julian Assange. Mas há essa segunda via delineada por Weber, a de construir uma narrativa, visando a preservar e talvez fortalecer esse dado país. Mas essa linha passa pela subjetividade de quem constrói, pela seleção (ainda que imparcial, segundo o texto) do que será contado e revelado.

O que será melhor, o que você acha? Devemos divulgar tudo, até mesmo segredos que podem dar a "inimigos" a chance de nos copiar, encurralar e superar? Por exemplo, toda a tecnologia bélica de um país deve estar disponível a todos, os investimentos, os projetos, as estratégias? Levando o tal "dever da verdade" a um extremo, a resposta pode ser "sim".

Ou não, melhor é escondermos o que não achamos essencial divulgar, melhor fazer uma coletânea de fatos e versões, escolhidas por quem sabe o que é mais vantajoso para nosso país, que vai preservar nossa soberania. Como evitar que se crie uma elite baseada no poder das informações (ocultas) nesse caso?


Weber nos traz perguntas relevantes neste tempos "sem ideologias", onde se acredita que a salvação da humanidade chegará via banda larga,

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