10 de out. de 2012

A intimidade é angustiante em ´Mateus, 10´

A cada mês que passa em São Paulo (e no Brasil), "Mateus, 10" fica mais atual. Quando assisti à peça pela primeira vez em junho, as eleições municipais estavam longe. Russomanno e seu "10" estavam por acontecer. Em público, pelo menos. E o texto de Alexandre Dal Farra tem como protagonista justamente um pastor protestante, um manipulador angustiado que se divide entre o poder emprestado pelas palavras da Bíblia e sua condição não mais do que humana. Da mistura da raiva que ele parece sentir do mundo e de sua fé nada benevolente sai o fio da peça. Os personagens são obrigados a enfrentar a contradição entre a fé e a violência que o pastor Otávio representa.

Outra característica importante de "Mateus, 10" é como o público assiste à peça. Os espectadores movem-se de cômodo em cômodo da casa, acompanhando as ações dos personagens. Quem não gosta de interações, como eu, não precisa se preocupar: não há interação dos atores com o público. Há sim uma proximidade angustiante com as cenas. Próximos das brigas alheias, ficamos constrangidos por estarmos assistindo àquela intimidade, mesmo que encenada.

Essa terceira temporada da peça começou no dia 1º de outubro e vai até 1º de novembro, sempre às quartas e quintas.


Mateus, 10
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade - Rua Três Rio, 363, Bom Retiro, São Paulo (tel. 3221-4704)
Quando: até 01/11, quartas e quintas às 20h
Quanto: gratuito (retirar senhas 30 minutos antes de começar)
Site: www.tabladodearruar.com.br

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