29 de nov. de 2012

Fernanda Takai na Vida Simples

Texto publicado originalmente na revista Vida Simples

FOTO: Luiz Paulo Assunção/Divulgação
Em 2007, Fernanda Takai deixou um pouco de lado o rock meio maluco do Pato Fu para emprestar sua voz a canções diferentes. “Onde Brilham os Olhos Meus” levou a vocalista ao papel de cantora, interpretando o repertório que consagrou a bossanovista fundamental Nara Leão (1942-1989). Foi uma certa surpresa ouvi-la mudar de campo de jogo, mas uma do tipo agradável.
Takai continua sua aventura pelos meandros da música brasileira, mas agora com a companhia de alguém que, como ela, é formado no rock. Melhor ainda, ex-membro de uma banda do primeiro do time, o The Police. “Fundamental” juntou Andy Summers e Fernanda Takai e fez par do rock dos anos 80 com a bossa nova. Summers ouvu o tributo de Takai a Nara, e compôs todas as faixas para a voz dela, já pensando em um disco conjunto.

Das onze faixas do disco, cinco são cantadas em português, com versões das originais de Summers feitas por Takai, John Ulhoa (seu marido e colega de Pato Fu) e Zélia Duncan. A mistura funciona. Rock e bossa-nova se equilibram sem forçar a barra para nenhum dos lados, A voz de Takai fez uma bela amizade com as seis cordas de Summers e sua bossa estrangeira.

Como você conheceu o Andy Summers?
Foi em 2009, por intermédio do Roberto Menescal que deu a ele meu primeiro disco solo. Andy gostou de minha voz e me chamou pra participar do documentário que fez sobre a influência da bossa nova na vida dele. Dois anos depois ele me mandou um email contando que já tinha escrito 18 canções pensando na minha voz e se eu gostaria de fazer um disco em dupla. Foi surpreendente.

Você é fã do The Police?
Gosto muito da banda, mas preciso confessar que sou mais fã do Duran Duran... A banda do Andy é de uma geração um pouco anterior ao rock inglês anos 80 que ouvi muito quando era adolescente: The Cure, The Smiths, EBTG, New Order, Eurythmics. Acho que ele sabe disso.

Quando aconteceu o primeiro contato?
Recebi as canções no segundo semestre do ano passado, ficamos trabalhando por email para selecionar o repertório, pois ao todo foram 25 canções que eu tinha em mãos.  Resolvi fazer as versões com Zélia e John e até minha viagem à Califórnia, fomos deixando tudo o mais acertado possível: tonalidades, ajustes em frases, andamento...


Quando começaram a trabalhar juntos?
Viajei em março deste ano, fiquei por 10 dias lá. Gravava de 10 da manhã às 7 da noite. Registrei 11 faixas em inglês, 5 em português e uma em japonês, sem contar todos os respectivos backing vocals. Trabalho intenso, mas recompensador, principalmente porque depois das sessões a gente ia comer muito bem nos restaurantes favoritos dele. Eu adoro essa parte!

Esse já é seu segundo disco como intérprete de bossanova. O rock cansa às vezes?

Qualquer estilo puro demais cansa. Na minha banda nunca fiz rock "de raiz". Acho que sempre tive elementos diferentes em nossas canções. Mas eu acho que este disco não é só de bossa nova. Tem pop, rock, jazz, baião... tudo bem misturadinho e temperado!

Foi difícil gravar com um músico que é referência no rock e na música em geral?

Não, porque ele é uma pessoa muito tranquila, faz as coisas de um jeito objetivo, pé no chão. Mesmo sendo uma lenda, dirige o próprio carro, sabe organizar o próprio dia a dia. E também, Andy me chamou pra que eu cantasse exatamente do mesmo jeito que venho fazendo há 20 anos, ou seja, me deu segurança.

Até bem pouco tempo o Brasil recebia poucos shows internacionais. Agora, temos diversos festivais e nossos artistas vêm despertando o interesse de nomes consagrados do pop mundial. Na sua opinião, ocupamos uma posição diferente na cultura mundial hoje?
O Brasil sempre foi referência de boa música, mas hoje os encontros acontecem com mais naturalidade por causa da rota de shows, da internet, da facilidade que se tem em fazer contatos com gente do mundo inteiro. As pessoas gostam de ouvir o português também. E a bossa nova sempre teve um papel importante nisso.

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