22 de mai. de 2012

Sem tédio


Lendo a descrição do que é o disco “Silfra”, de Hillary Hahn (violino) e Hauschka (piano), tive medo do tédio que ele poderia provocar: dois especialistas em música clássica improvisando livremente, numa gravação ao vivo. Parecia uma roubada certa.

Depois, descobri que Hahn já esteve em turnês com o cantor de folk Josh Ritter. Em seguida, li que antes de entrarem no estúdio, a dupla passou dois anos se encontrando para tocar junto, uma preparação para “Silfra”.

Veio uma coragem maior e ouvi o novo álbum inteiro, sem pausar nem me aborrecer. Hahn e Hauschka souberam transformar a suposta falta de regras em um aliado. A liberdade de seguir o que lhes pareceu apropriado fez de “Silfra” uma trilha sonora sem filme.

Virtuosismo e a “arte pela arte” não são as guias do disco. Há uma sabedoria acumulada, alimentada pela preferência deles por Bach e Tchaikovsky, dois compositores que gostam de um bom refrão e frases musicais de efeito. E, claro, a experiência de Hahn com a música “normal” deve ter seu peso, afinal, nada melhor do que ter um limite de três ou quatro minutos para aprender concisão.

Temos um disco de música com tons de “erudita”, mas, sem hesitar, passeia pelo jazz e cita até o pós-rock (de bandas viajantes como Sigur Rós). Um disco que vale o risco do tédio, que nunca aparece.

Ouça “Silfra” no site da NPR.

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