Isto não é um artigo acadêmico, só um exercício de raciocínio.
A Apple divulgou um infográfico sobre que tipos de aplicativos são distribuídos para os iPhones e iPads. De 500 mil títulos disponíveis, 3% são de ferramentas de notícias. Isso dá 15 mil aplicativos.
Vamos lá. Três por cento desse universo é muito pouco. Entre os 20 mais baixados, não há nenhum desses de notícias. Por que estou me detendo tanto nisso? Há uma "teoria" corrente que prega que a tecnologia liberta povos oprimidos. Ela é herdeira daquela outra, propagada na época da URSS, que dizia que panfletos xerocados poderiam libertar os povos sob o jugo dos soviéticos. Em resumo, uma visão que pensa que a POSSIBILIDADE de circulação de informação cria condições para a rebelião DEMOCRÁTICA.
Ora, se isso é verdade, a nossa sociedade ocidental, altamente tecnológica e tarada por gadgets, deveria ser a campeã de consumo de notícias. Somos democratas por herança história, afinal (e fãs de Angry Birds).
Mesmo que eu esteja errado e esses três por cento supram toda a necessidade de notícias, temos de pensar na QUALIDADE dessa informação. Quem a produz? Que tipo de cobertura? Política? De esportes? Duvido que os mais baixados nessa categoria sejam do New York Times ou Guardian.
Mesmo cheios de POSSIBILIDADES para a circulação da informação, continuamos ouvindo diagnósticos sobre a apatia política dos nossos povos, da impotência geral diante de um sistema complexo e autossuficiente.
Não nos enganemos: a Praça Tahir não estava cheia devido a um evento do Facebook; este é apenas uma FERRAMENTA nas mãos de quem queria se manifestar como cidadão político. Porque o maio de 68 aconteceu mesmo sem Facebook.
Via Nelson de Sá
25 de mai. de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário