24 de set. de 2010

Playlist de setembro - Volume 2

Mark Kozelek, do Red House Painters
Já passamos da metade do mês e tenho mais uma pequena compilação das melhores músicas saídas de conversas, e-mails e leituras. Como sempre, há novidades e velharias. Entre os lançamentos, Manic Street Preachers e Brian Wilson e as coisas antigas dominam, com destaque para um cover muito bonito que o Jonny Lang fez de uma música do Stevie Wonder. O resto é história.

22 de set. de 2010

Jimi Hendrix raro

Jimi Hendrix em Londres
Achei esse vídeo do Jimi Hendrix no meu feed de RSS e achei sensacional. É de uma apresentação dele com a Experience em Londres, em 1967, na famosa butique I Was Lord Kitchener's Valet. A setlist tem "Like a rolling stone" e "Stone Free". De quebra, você vê uma entrevista com o dono da loja falando sobre a moda naquela época e como algumas pessoas eram presas por usar as roupas militares que eles vendiam.





Via Dangerous Minds

21 de set. de 2010

E já que estamos falando de ópera

Não sou especialista, mas vou aproveitar todo esse papo de ópera para postar um trecho de uma das minhas favoritas, a "Tannhouser", do Richard Wagner. É muito bonita. Vi uma montagem dela há séculos no Teatro Municipal de São Paulo.

Ópera para as massas

Fachada da mais nova casa de ópera de Londres
Em algum momento do passado se decidiu que ópera era coisa erudita e para poucos e assim ficou. O ingresso custa caro, as produções são sempre grandiosas e em lugares nada acolhedores para pessoas que não ganham muito dinheiro e não tem o costume de vestir um terno para ir a um teatro.

Parece que alguém percebeu o absurdo disso em Londres e resolveu abrir uma casa de ópera que é, na verdade, um pub. Não mais do que cem pessoas assistirão à montagem de "O barbeiro de Sevilha" na inauguração da King's Head em 26 de outubro.

Com o preço do ingresso mais a 15 libras esterlinas, a nova casa no norte da capital britânica quer devolver ao povo o que sempre foi dele. Óperas eram muito populares quando esse tipo de obra ficou famoso, assim como as letras das músicas. O culpado por elitizar a audiência da ópera deve ter sido o século XX, assim como o século XXI está fazendo com os shows de rock (R$ 200 para ver um festival?).

Jonathan Miller, 76, um dos patronos da King's Head, acha "um absurdo" o fato de que pessoas deixem de ir à ópera por causa do preço. Para ele, "vivemos numa sociedade injusta" e isso justificaria a iniciativa. A programação vai contemplar tanto os clássicos como novas produções. Será que a ópera de robôs do MIT passa por lá?

O mesmo deveria acontecer por aqui, especialmente na São Paulo das casas de shows batizadas por bancos e das caras apresentações de música clássica cravados no empobrecido e sujo Centro. Não vou nem começar a falar sobre a Virada Cultural.

Leia mais sobre a King's Head no Guardian.

20 de set. de 2010

Ópera robô

Cena de "Death and the Powers"
Quando pensamos em ópera, geralmente associamos a palavra a antigos compositores e apresentações teatrais antiquadas. Uma obra que está prestes a estrear em Mônaco no dia 24 de setembro, vai contra os estereótipos aos quais estamos acostumados e pretende resgatar a vocação inovadora dessa forma de arte.

O compositor e professor do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachussets) Tod Machover compôs e concebeu "Death and the Powers", uma ópera que faz uso intenso da tecnologia. São nove robôs que cantam, paredes eletrônicas que se movem e um candelabro musical interagindo e fazendo música com atores e cantores humanos. Mais do que ornar o palco como fazem os telões dos megashows de rock, o aparato eletrônico tem um papel na história, o de personificar as memórias do personagem principal, que some depois do primeiro ato.



Machover deu a essa característica o nome de "performance sem corpo" (disembodied performance), tentando mostrar que não é só para fins de amplificação que as novas tecnologias podem ser usadas. Uma coisa muito interessante a se notar nessa história é que tudo veio de um instituto de pesquisa, geralmente um local que pensa a inovação tecnológicos voltado a fins de mercado. A concepção, execução e montagem da ópera foram feitos pelo Future Group no Media Lab do MIT.

Está bem observado no texto publicado no site do instituto que a pesquisa pode ajudar a criar novas concepções em diferentes áreas do conhecimento. Esse projeto interdisciplinar mostra que é necessário ampliar os limites dessas "áreas" para que elas não fiquem estanques e não se percam em ciclos viciados e fetichizados, guiadas sempre por um objetivo que sempre leva o conhecimento específico de volta a ele mesmo.

A ópera "Death and the Powers" pode ser um novo ponto de partida para pensarmos os porquês de procurarmos inovações, melhorias, avanços. Existem objetivos que são necessariamente melhores dos que os outros? Ou gastar tempo, dinheiro e trabalho para criar uma obra de arte tecnológica é tão bom quanto aumentar a produtividade de um certo processo?

Mais sobre a ópera:
Texto no site do MIT

13 de set. de 2010

Que cazzo é math rock?


Sério, alguém me explica? Já ouvi esse termo e ainda não consegui entender o que isso significa. Já topei com essa maldita expressão antes, mas depois que ouvi o Tera Melos, ela começou a fazer menos sentido ainda.  Fiquei ouvindo o disco Patagonian Rats (2010) para ver se alguma luz vinha, mas não veio. O rock está lá, mas não o "math".

O verbete da Wikipédia sobre o assunto diz que tem a ver com métricas complexas, atonalismo e coisas estranhas e vanguardistas. Até citam a Vanguarda Paulistana como um exemplo nacional. Bobagem. Achei mais importante notar que os Tera Melos são da gravadora Sargent House, do Omar Rodríguez-Lopez, também parte da banda de hardcore progressivo screamo (math?) The Mars Volta. Consigo ver o Omar ouvindo a fita da banda, uma identificação rolando e ele dizendo para si mesmo: "Esses rapazes merecem um contrato!".

Resumo dessa ária: vamos parar de inventar termos para a música. A não ser que seja caso de vida ou morte saber se a sua banda favorita é prog-indie ou math-screamo. Para mim, é tudo punk.

Tera Melos
Myspace
Site
Página na Sargent House

12 de set. de 2010

Domingueira

De um dia inteiro relembrando os Red House Painters.

Podcast: Super8

Eu e José Rodrigo Rodriguez fizemos o primeiro episódio do nosso podcast Super8, uma parceria entre o blog dele e o meu. Na nossa estreia, escolhemos um tema que rendeu bastante: "Músicas profundas de artistas superficiais". Tem de tudo: gravidez adolescente, socialismo, relação com os pais e outras coisas mui profundas. A seleção ficou assim:




1. George Michael - "Shoot the dog"
2. Lulu Santos - "Tempos modernos"
3. Madonna - "Papa don't preach"
4. Beyonce - "Honesty"
5. Green Day - "Welcome to paradise"
6. Hole - "Malibu"
7. Nada Surf - "See these bones"
8. Maná - "Ana"

Uma parceria Sou daltônico, Não Idiota e Visões (de José Rodrigo Rodriguez).

11 de set. de 2010

Miles Davis na TV

Entrevista rara de Miles Davis ao apresentador Bill Bogs em 1986. O cara era uma figura.

Via Pathway to Unknown Worlds


7 de set. de 2010

Rock independente


Estou postando esta música não por apego às datas patrióticas nacionais, mas pela curiosidade (bizarrice) desta pequena pérola que descobri outro dia ao fuçar efemérides pela internet. A banda contemporânea da Jovem Guarda Os Incríveis gravou uma uma versão "roque" do Hino da Independência do Brasil. Isso nos anos 70, ou seja, fica bem claro em que lado da cerca eles deviam estar.

Engraçado é isso nunca ter aparecido em revistas, jornais e documentários. Minha impressão é a de que se pensa que os roqueiros necessariamente eram apolíticos (como o Roberto Carlos) ou eram (são?) de direita. Isso não é verdade, apesar do que o pessoal da bossa nova gosta de dizer.

Bom, Os Incríveis eram, no mínimo, dissimulados:

5 de set. de 2010

3 de set. de 2010

A alma de New Orleans

Earl King (esq.) e Stevie Ray Vaughan (centro)
Michael P. Smith (1937-2008) era New Orleans. Nativo da capital da melhor música do mundo (mal aí, Londres), registrou a cena musical de sua cidade de um jeito apaixonado. Fotografou todas as edições do Heritage Festival - o mais importante evento musical local, de 1970 (ano da primeira edição), até 2004, quando se aposentou da profissão.

Como um bom cidadão de sua terra, Michael P. Smith deixou também uma coleção de fotos dos funerais de músicos de New Orleans. Para quem não sabe, quando alguém morre lá, um cortejo segue pelas ruas acompanhado de uma banda de jazz. Tanto "mojo" visual garantiu espaço à obra de Smith em instituições importantes dos Estados Unidos como o museu de história do Smithsonian e em coleções pelo mundo.

Veja fotos de Michael P. Smith e mais informações biográficas no site da fundação que leva seu nome: http://michaelpsmithphotography.com/

Podcast na Trip


Há três semanas estreou meu podcast no blog Academia de Cultura Pop (ACP), no site da Revista Trip. Toda semana eu escolho e apresento uma seleção de músicas baseada num tema. Por exemplo, o primeiro foi sobre a música de New Orleans. O segundo sobre rockabilly, e assim vai.

Ele vai ao ar toda sexta no blog e para essa semana o tema é "músicos que morreram em acidentes aéreos". Sugestão, aliás, do nosso produtor de rádio Alexandre Potascheff. Tem Buddy Holly, Ritchie Valens, Lynyrd Skynyrd, Stevie Ray Vaughan e até Carlos Gardel.

Aqui vai a lista dos episódios:
1. New Orleans
2. Rockabilly
3. Morreu no ar

Dá para baixar direto no iTunes, é só clicar neste link: Podcast do ACP no iTunes
Preparem-se porque mais temas incríveis vem por aí, sempre às sextas-feiras.

2 de set. de 2010

Você sabia?


Que o Elbow regravou seu disco Seldom seen kid em Abbey Road com a orquestra da BBC? Eu também não e fiquei com medo quando descobri. Lembrei de Metallica, Kiss e Deep Purple fazendo a mesma coisa e soando coxinha. O problema está nas bandas, é óbvio, afinal trata-se de Metallica, Kiss e Deep Purple. Valia uma chance, já que o Elbow raramente erra - para a inveja eterna do mala Chris Martin (Coldplay).

Vale o vídeo e o disco, corra atrás. Aqui, "One day like this" numa linda versão orquestrada:

1 de set. de 2010

Playlist de setembro


Rumo ao fim do ano e mais uma playlist fica pronta. A mistura está grande desta vez. Tem rap noventista com Theophilus London (veja texto sobre ele na Trip), o rock moderno e argentino de Gustavo Cerati, os sempre relevantes escoceses do The Jesus and Mary Chain, um dos pais do rockabilly, Johnny Burnette, a blueseira suja da cantora Koko Taylor e um pouco de folk-rock, para relaxar, com o Good Old War.

Afro-flamenco


Vai tocar um sino na sua cabeça quando eu disser que o espanhol Diego Guerrero mescla flamenco com ritmos latinos e africanos: "Gipsy Kings!". Ignore-o. Com 28 anos, ele é apontado pelo El País com um dos grandes talentos da nova geração do gênero justamente por deixar outras influências entrarem nas composições.

E ele já está armado para enfrentar os críticos, apesar de ter sido consagrado no tradicional festival de flamenco de Granada:
"Quien dice una mentira dice dos, y dice cien, se inventa mil, dice un millón. Hay gente que nació para engañar. Busca el poder engañativo, engañador y volverán con voz de supermán, cobrándote interés, librándote del mal"
Tire suas conclusões ouvindo a faixa de onde veio a citação, "Malos tiempos". Sou fã de Paco de Lucía e Camarón de la Isla, mas esse cara sabe bem o que está fazendo. E o faz bem.