20 de fev. de 2010

Suingue indie

Reprodução

James Brown não morreu e fez uma parceria com Jack White e Iggy Pop. É mais ou menos assim o som dos ingleses do The Heavy. Surgido em Bath, na Inglaterra, em 2007, o quarteto vem chamando atenção pelo som que sintetiza música negra e rock. O The Heavy leva a proposta de Amy Winehouse e Mark Ronson a um novo patamar, adicionando distorção e mais suinge à batida.



No final de 2009 foi lançado o segundo álbum, The House That Dirt Built, de onde saiu o single "How You Like Me Now?". Um naipe de metais remete à Motown, junto de uma guitarra típica do soul; a bateria e o baixo, mais quadrados, dão peso rocker ao conjunto. O The Heavy tem se saído bem no circuito alternativo: foi eleito pela revista Spin uma das melhores bandas da edição 2008 do festival South By Southwest. A empolgação com a trupe do vocalista Kelvin Swaby, uma espécie de Marvin Gaye contemporâneo, gerou uma cena inusitada no Late Show do apresentador David Letterman, no dia 18 de janeiro. Escalados para a apresentação musical que encerra o programa, a banda fez um bis a pedido de Letterman, visivelmente empolgado. Isso nunca havia acontecido no programa. A banda atendeu ao anfitrião e ainda ouviu declarações de amor do comediante: "Eu amo vocês".

Parece realmente que o amor pelo The Heavy está se espalhando pelo mundo: no Canadá, o single "How You Like Me Now?" foi o número em vendas na última semana na loja do iTunes. Pela Europa a banda já tem shows marcados até maio e devem estar presentes em alguns dos grandes festivais de verão do continente.

(Publicado originalmente no blog ACP, da Trip)

11 de fev. de 2010

Drunk punks

Colaboração para o blog dos Fura-brejas

Pegue o elenco de Lord of the Dance e entuche-os de incontáveis pints de cerveja e doses de uísque. Depois, rasgue suas roupas, quebre seus dentes, coloque guitarras, sanfonas e bateria em suas mãos, jogue todos em cima do palco cantando e pulando ao mesmo tempo. Eis o The Pogues, uma das bandas mais beberronas (e orgulhosas disso) que o rock já colocou em nossos copos.

Misturando o punk com música tradicional irlandesa, Shane McGowan (vocais) leva tão a sério sua vocação para beber que mais de uma vez sacrificou shows por causa do álcool – já deu cano até quando a banda abria para Bob Dylan. Formados em Londres em 1982, o nome original deles, Pogue Mahoney, quer dizer “kiss my ass” (nem vou tentar traduzir para o português). Dá para começar a entender do que os Pogues se tratam.


O disco deles que ficou mais famoso (e o melhor) é o clássico If I Should Fall From Grace with God . São 13 faixas para beber, brigar, abraçar os amigos e pular. A faixa Fairytale of New York chegou a ficar em segundo lugar na parada britânica (e foi parar na trilha do filme P.S. Eu te amo), um grande feito para uma banda de interesses tão específicos (porém tão universais).

The Pogues já abriram para o The Clash, já tiveram Joe Strummer nos vocais por menos de um ano, já foram e voltaram várias vezes. Acabaram em 1996 para voltar cinco anos depois, ainda nadando em Streams of Whiskey. Shane McGowan, tão bêbado quanto antes e mais feio do que nunca, ainda lidera a banda mais etílica de que se tem notícia.

10 de fev. de 2010

Lá vem a Viradouro aí!

Em São Paulo, sem hesitar, sou Gaviões, desde pequeno. Era fácil escolher porque ser corinthiano implica em ser Gavião - se você realmente gosta de Carnaval. Já em 1995 pude comemorar um título (o primeiro que ganhamos) e meu coração já estava ganho.

Como bem disse a Eva Uviedo, quem não gosta de Carnaval sempre diz que torce para a Vai-Vai em São Paulo e no Rio, para Mangueira ou Beija-Flor (o povo da USP diz Portela por causa do Paulinho da Viola). Bem vivo que estava, não ia atrás nem da verde-e-rosa, nem dos discípulos do Neguinho. Foi no Carnaval de 1997 que a Viradouro me escolheu.



O abre-alas era, na verdade, o "arregaça-alas". Joãosinho Trinta resolveu começar o enredo da escola ("Trevas, Luz, a Explosão do Universo") com um carro quase todo preto, sinistro.

http://dusinfernus.files.wordpress.com/2008/03/abre-alas-viradouro-97.jpg

Era bem chocante, e uso essa palavra num sentido nada Armação Ilimitada. Fiquei impressionado, no alto dos 13 anos que eu já havia completado. Hoje, mais velho e supostamente culto, penso que o esquema de cores lembra muito as pinturas de El Greco. Escuridão intensa, que nada tem a ver com uma morte tranquila. Gosto de El Greco por causa de Joãosinho Trinta.

Não vou mentir e dizer que lembro muito mais do que isso, mas sei que a partir de tal Carnaval, tenho uma escola de samba no Rio. Claro, sem esquecer que foi a primeira vez que uma bateria fez a paradinha em ritmo de funk - no 2:50 do vídeo dá para ouvir mais ou menos; o Vanucci resolveu falar bobagens bem na hora.

Sou Viradouro mais uma vez, apesar de não ganharmos mais nada (assim como a Gaviões). Mas quem sabe 2010 não seja como 1997 no Carnaval (Gaviões e Viradouro campeãs) e 1998 no futebol (o mais fantástico título brasileiro das últimas décadas). Espero, serenamente, o fim de semana e o começo da Libertadores.

Veja também: Joãosinho Trinta entrevistado pela Trip: